Ezequias tem uma nova missão para os Desafiantes de Yuvalin e algo totalmente diferente e, provavelmente, perigoso está diante de Helga.
Ezequias disse que sabia o que estava fazendo nos enviando para o leilão, já tirando uma carta de crédito em branco da gaveta e colocando em minhas mãos. Estremeci igual a um bambu movido pelo vento. Ainda perguntei se ele tinha certeza do que estava fazendo. Ele respondeu que confiava na nossa capacidade de negociação.
Agradeci a confiança e disse que essa missão seria uma questão de honra. E de honra, eu agora estava um pouco mais por dentro. Só precisávamos planejar toda a viagem. O que demandou uma grande negociação entre os Desafiantes de Yuvalin, porque alguns queriam passar pela Supremacia Purista. Fora de cogitação!
Ezequias sugeriu descermos até Selentine, porque teria um comerciante da cidade que nos daria uma carona pelo rio. Dali, partiríamos para Valkaria e, de lá, para Wynlla e, pelo mar, chegaríamos a Aslothia. Eu gostei muito da ideia, porque teríamos bastante água pelo caminho e seria menos fácil sermos abatidos no caminho.
A namorada do Kroll… digo, Leah, barbaramente rasgou o mapa que Ezequias tinha colocado sobre a mesa, de Aslothia até os Ermos Púrpuras, alegando que estariam perto de casa. Mas esse era um caminho que seria maior.
Finalmente, consegui convencer a equipe a fazer o trajeto mais rápido e menos perigoso, que também foi o que o Ezequias sugeriu. A leoa parecia que ia me comer com os olhos, mas eu estava serena e decidida. Ela também quase quebrou o braço bom do inventor – não fiquei desesperada por isso.
Stefan queria passar pela Supremacia Purista para saber mais sobre o seu passado e ir até à Caverna do Saber, dedicada a Tanna-Toh (Deusa do Conhecimento). Entretanto, decidimos ir pelo caminho mais rápido e voltarmos, talvez, por onde fosse mais interessante. Inclusive, atender o desejo dos bárbaros de fazer um favor ao mundo eliminando alguns puristas.
Depois de roteiro resolvido, precisava dar a notícia a quem dividia a vida comigo. Saí da Guilda direto para a Kanpeki, para conversar com o Goro. Edward também tinha algo a tratar com ele e, então, seguimos juntos até a loja.
Eu não gosto de atrapalhar o serviço do Goro, mas não poderia deixar para depois, então, o chamei para seu escritório. Quando falei sobre a viagem a Aslothia, ele arregalou os olhos de espanto, pois era nada mais e nada menos que a terra dos mortos. Expliquei que era uma missão do Ezequias e me comprometi a escrever para ele sempre que conseguisse.
Meu coração estava dolorido. Porque eu estaria longe não só do Goro, mas da Noah também. Sim! Ela deveria ganhar os filhotinhos nos próximos dias e o próprio Goro falou que seria um risco para ela e para nós seguir viagem assim. Mais uma vez, ele me desejou boa sorte e pediu que eu apenas retornasse para ele.
Me abraçou, me beijou e eu já quase vertia lágrimas. Desde que começamos a namorar e eu passei a ficar mais tempo em sua companhia, sabia que chegaria o momento em que precisaria ir para mais longe e para uma aventura mais perigosa. Mas era uma separação que eu confesso não estar preparada.
“Que Lin-Wu te acompanhe! E Allihanna nunca te deixe!”, Goro me disse. Também prometi trazer souvenirs para ele. Coitado do Edward pediu a um Goro triste marcar suas costas com o símbolo de mais três deuses. Fiquei na oficina até o final do expediente e fomos para casa – já que a viagem seria no dia seguinte.
Foi uma despedida doce, cheia de carinho e urgência. Jantamos juntos, à meia luz. Conversei com a Noah sobre o que aconteceria no dia seguinte e que ela ficaria em casa para ter um parto tranquilo. Ela não queria desgrudar de mim um instante, mas sossegou depois que Goro e eu fizemos carinho nela até que ela adormecesse.
Já nós dois… bom, também fizemos carinho um no outro até dormir. Acho que foi a nossa melhor noite juntos. Era tanto amor que não cabia na gente! Só queríamos que o tempo parasse e pudéssemos permanecer para sempre naquele momento.
Mas o dia da partida chegou e, para não se sentir tão sozinha, Noah foi fazer companhia a Goro na Kanpeki. Seria bom, disse ele, para que eu estivesse sempre nas suas lembranças. Como meu trajeto era para o outro lado da cidade, me despedi, finalmente, deles, na porta de casa. Aquele abraço que, acho, durou muitos minutos.
Devo ter regado várias plantas no caminho para o Porto Vahrim, onde encontrei os Desafiantes de Yuvalin. Nossa carona era um tal de Vitrúvio, um golem de vidro muito engraçado, ou metido a piadista. Informamos que éramos os enviados de Ezequias. Entrei no navio e deixei as minhas coisas em uma cabine, porém, pretendia passar parte da viagem na água. Descer o Rio Panteão seria um grande prazer.
Logo nas primeiras horas de viagem, Joseph resolveu cantar no convés e os marujos o acompanhavam. Enquanto isso, eu estava na água, brincando e cantando com os peixes, mas era muito mais uma respiração deles me acompanhando do que cantando propriamente dito.
Para minha tristeza (e raiva), o inventor quis testar como seria me chamar para o navio, em caso de necessidade. Então, ele atirou para o alto, fazendo um estrondo e espantando todos os animais. Eu pulei para o barco e dei um tapa na cara dele. O Stefan sabe ser bem insuportável!
No entanto, ele não foi o único insuportável. Toshinori e eu travamos algumas ofensas sobre a forma como ele acreditava que deveria me chamar. A tripulação achou que ia sair briga de verdade. Por fim, pedi que fossem mais criteriosos quando fossem me chamar. Assim, voltei para a água. Como sereia e não peixe, precisava retornar ao navio volta e meia para restabelecer minha temperatura corporal, me alimentar e tudo o mais humano que eu deveria fazer. Até porque as águas do Rio Panteão são extremamente geladas.
Em uma das vezes que estava no convés, avistamos a Fortaleza de Destrukto, uma paisagem bem tamuraniana. Enquanto o capitão do navio discorria sobre a história da Fortaleza e falava sobre o sumo-sacerdote do antigo Deus da Guerra, meus pensamentos foram longe. Me recordei de sua filha, a sumo-sacerdotisa de Allihanna, que dispunha de algo que eu realmente almejava, como líder e aventureira.
Fiquei bastante tempo pensando sobre isso. Um artefato criado pela própria Deusa que concede algumas bênçãos especiais. Lisandra da Galrasia, porém, não é apenas a arquidruida suprema de Allihanna — é a mais poderosa entre todos os sumo-sacerdotes. Ela merece ter a Coroa de Allihanna. Por que eu mereceria ter?
O Rio Panteão naquela altura já é bem largo e o pôr do sol, apesar de gélido, foi impressionante. Aquela tarde e início de noite era um culto à minha deusa e celebrei a beleza do mundo natural e o encontro de Allihanna com Oceano. A natureza é o maior altar para cultuá-la. Entreguei nossa missão em suas mãos, louvando sua bondade em todos os momentos comigo ao longo da minha vida.
Mais tarde, tive algum tempo para ir aos meus aposentos e escrever. Escrevi no meu diário e também uma carta para Silena e outra para Goro. Não cheguei a concluir a carta para meu namorado, pois um estrondo muito forte sacudiu todo o barco.
Assista ao vídeo sobre essa parte da história no canal do Qual é a do RPG?: https://youtu.be/D1K2TGdVNww e https://youtu.be/uqVwn0GmeYc
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Até breve!
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